O Tempo e o Servir
Ontem vivi uma tarde que ainda pulsa dentro de mim. No Lar de Acolhida São Camilo, entre mãos enrugadas, sorrisos tímidos e histórias guardadas em silêncio, o tempo ganhou outro significado.
Percebi que o tempo não é o mesmo para todos.
Há quem esteja apenas começando a escrever sua história.
Há quem já caminha nos últimos capítulos.
E há aqueles que têm tempo de sobra, mas não sabem onde colocá-lo.
Eu, que vivo nesse frenesi constante da vida moderna, sempre com a desculpa pronta — “não tenho tempo para isso… não tenho tempo para aquilo” — ontem decidi recuperar as rédeas do meu próprio relógio. Parei minha tarde. Me sentei. Me entreguei.
E ali, servindo aquelas senhoras, percebi o quanto o tempo pode se expandir quando é doado. O quanto um gesto simples pode abraçar uma alma inteira. O quanto a vida fica mais leve quando a gente tira o foco da correria e coloca no cuidado.
Naquele abrigo, o tempo tem outro compasso. Ele anda devagar, como quem respeita cada memória, cada dor, cada sorriso que ainda insiste em nascer. E eu me permiti entrar nesse ritmo — e fui transformada.
Voltei para casa entendendo que o tempo não é algo que nos falta, mas algo que precisamos aprender a escolher. Ontem, escolhi servir.
E descobri que, quando oferecemos o nosso tempo a quem precisa, ele nunca é perdido. Ele volta. Em forma de paz, de gratidão, de propósito.



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