Capítulo 3 — O Começo do que Ainda Não Sabemos Nomear
“O encontro de duas personalidades é como o contato de duas substâncias químicas: se houver reação, ambas se transformam.” - Carl Gustav Jung
Aqui está um capítulo que retrata com delicadeza e profundidade o nascimento de um amor, um amor que ainda não tem nome certo, mas que já pulsa forte. Um amor entre o “será que é?” e o “eu já sinto que é”. Com carinho:
Era como se o tempo tivesse aberto uma fresta generosa para que algo novo nascesse. Não veio com alarde. Veio como a brisa que entra pela janela quando ninguém percebe. Suave. Quase tímido. Mas real.
Eles ainda se olhavam com um certo cuidado. Como se cada gesto, cada palavra, pudesse acender, ou apagar, alguma centelha que começava a surgir entre eles. Ela, com o coração meio descrente, mas a alma faminta de leveza. Ele, com o jeito leve que escondia profundezas que ela ainda não sabia decifrar. Mas algo nela queria muito tentar.
Começaram com trocas simples: uma mensagem fora de hora, um emoji que fazia rir, uma pergunta que atravessava o dia. Mas havia algo ali. Algo nos silêncios entre as palavras. Algo no jeito como ele a chamava de “meu bem”, como se esse lugar, o de ser bem dele, já fosse dela por direito.
Os encontros vieram, e com eles, o corpo também quis falar. Não era só desejo, era presença. Era o toque que dizia: “Eu te vejo.” As mãos dele deslizavam como se quisessem memorizar cada curva dela. E ela deixava, sem pressa, como quem permite que alguém leia uma carta antiga escrita na pele. Era tão bonito ver que o carinho vinha antes da pressa, que o cuidado não se perdia entre os impulsos. Era como se cada beijo dissesse: “Estou aqui, e você também está.”
Mas com a beleza, vieram também as dúvidas. Será que ele sente o mesmo? Será que o que ele diz, é o que ele sente? E se ela estiver sozinha nesse encantamento? Havia sempre uma pontinha de medo no canto dos olhos dela. Ela, que já sabia o que era acreditar demais. E ele? Talvez também estivesse aprendendo a traduzir o que sentia, a sua maneira, com presença, com gestos, com silêncio. Nem todo amor sabe falar de início. Alguns aprendem devagar.
E mesmo assim, o amor ia nascendo. Não com promessas. Mas com constâncias. Com o “bom dia” dito com voz sonolenta. Com o “vem cá” sussurrado no fim de um dia difícil. Com o nariz encostado no pescoço dela. Com o corpo em conchinha, como quem diz: “Você pode descansar aqui, eu seguro o mundo um pouquinho por você.”
Eles ainda não sabiam onde aquilo tudo ia dar. Mas sabiam do agora. E no agora, havia carinho. Havia desejo. Havia um afeto que nascia dos detalhes. E às vezes, é exatamente assim que o amor começa:
Quando o corpo sente, antes do coração entender. Quando a alma reconhece, mesmo sem saber o nome. Quando a ausência começa a doer… e a presença vira lar.
Escrito por Cristiane Pritski, em 02/06/2025, com carinho e reflexão, para aqueles que buscam inspiração e transformação em sua própria jornada.



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