Quando o som vira abraço

Nem sempre eu ouço música. Às vezes, é ela quem me ouve.

Há dias em que a alma está cheia de palavras emboladas, de silêncios que gritam e de ruídos do mundo que pesam nos ombros. E então, sem querer, aperto o play — e tudo se transforma. Não é sobre melodia, nem sobre ritmo. É sobre um lugar onde o som se deita comigo, me cobre como um cobertor leve, me acalma.


Com Joseph Solomon, por exemplo, não ouço apenas canções. Eu experimento paz. Um tipo de plenitude que não sei explicar, só sentir. E ainda assim, tento: é como se o mundo saísse de cena por alguns minutos, e uma presença invisível me abraçasse com cuidado. Como se alguém, sem rosto, mas com alma, me dissesse: “descansa, eu entendo”.


Tem momentos em que ouvir não basta. Dá vontade de abraçar a música. Desejar que ela tivesse corpo, pele, cheiro, um peito onde eu pudesse deitar a cabeça. Um ser humano que carregasse aquele som no toque, que fosse feito da mesma matéria leve e profunda que a canção carrega.


E é aí que percebo: o som que me eleva é feito de tudo o que o coração sente, mas não consegue dizer. E talvez por isso, eu viva querendo tocar o intangível. Porque no fundo, eu só quero ser tocada de volta — com a mesma delicadeza com que a música me encontra.



Escrito por Cristiane Pritski, em 12/05/2025, com carinho e reflexão, para aqueles que buscam inspiração e transformação em sua própria jornada.


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